Skip to main content

Posts

Showing posts with the label Poetry

Uma pequenina luz - Jorge de Sena

© Photographer: Celia Maria Ribeiro Ascenso | Agency: Dreamstime.com   Uma pequenina luz Uma pequenina luz bruxuleante não na distância brilhando no extremo da estrada aqui no meio de nós e a multidão em volta une toute petite lumière just a little light una picolla... em todas as línguas do mundo uma pequena luz bruxuleante brilhando incerta mas brilhando aqui no meio de nós entre o bafo quente da multidão a ventania dos cerros e a brisa dos mares e o sopro azedo dos que a não vêem só a adivinham e raivosamente assopram. Uma pequenina luz que vacila exacta que bruxuleia firme que não ilumina apenas brilha. Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda. Muda como a exactidão como a firmeza como a justiça. Brilhando indefectível. Silenciosa não crepita não consome não custa dinheiro. Não é ela que custa dinheiro. Não aquece também os que de frio se juntam. Não ilumina também os rostos que se curvam. Apenas brilha bruxuleia onde...

Linda noite a desta lua- Fernando Pessoa

Linda noite a desta lua Linda noite a desta lua,  Lindo luar o que está  A fazer sombra na rua,  Por onde ela não virá.                                                                          Fernando Pessoa. - Quadras ao Gosto Popular - sem data   © Illustration: Celia Ascenso | Agency: Dreamstime.com   This moon's beautiful night This moon's beautiful night,  Beautiful moonlight, the one that is Shadowing the street, Where she won't come from. Fernando Pessoa. - Quadras ao Gosto Popular - without date free translation from Célia ascenso

Heart

© Photographer: Celiaak | Agency: Dreamstime.com   If you have an iron heart, enjoy it. Mine, it was made with flesh, and bleeds all day. Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo o dia. José Saramago in Os Poemas Possíveis, 1981 

The masks and the inner

There are always these ethereal figures dancing around me. They are colourless and their emotions are so so light as if they could not hurt. They want to get out of my fingers, forever shaping them because they keep changing and swirling. They are not really wearing masks, because a mask hides the true. Not wearing masks, because these masks are part of them and just tiny parts of a hole. We are all made of many many parts that keep changing and swirling and waving and peacefully turmoiling. Célia Ascenso © Photographer: Celia Ascenso | Agency: Dreamstime.com

Valentines Day poem by Shakespeare

© Illustration: Celiaak | Agency: Dreamstime.com "To-morrow is Saint Valentine's day,   All in the morning betime,   And I a maid at your window,   To be your Valentine.   Then up he rose, and donn'd his clothes,   And dupp'd the chamber-door;   Let in the maid, that out a maid   Never departed more."   Ophelia in Hamlet (1600–1601), Act IV, Scene 5 - William Shakespeare See here the Hearts, hearts, hearts collection to find more Valentine's Day Images

Autumn - Outono

Autumn Haikai A yellow butterfly? Or a dry leave that fell off and did not wanted to land? Mario Quintana © Video: Celia Maria Ribeiro Ascenso | Agency: Dreamstime.com Haikai de Outono Uma borboleta amarela? Ou uma folha seca Que se desprendeu e não quis pousar? Mario Quintana

Sabedoria - Jose Regio - Wisdom

Wisdom Since everything bores me, I began to live. I began to live without hope ... And may death come When God wants. Before, too much or too little, Always expected: Sometimes so much that my crazy dream flew from the starts to the rarest; Further, so little That anyone else with such resigned. Today, I hope nothing. Why to expect? I know now that nothing is mine if I do not own it; If I want, it is just while I want; Only from far, and secret, I can still love. . . And may death come when God wants. But, with this, what about the stars? They are still shining, tall and beautiful. José Régio in 'Poemas de Deus e do Diabo' Free english translation from Célia Ascenso © Photographer: Celiaak | Agency: Dreamstime.com Sabedoria Desde que tudo me cansa, Comecei eu a viver. Comecei a viver sem esperança... E venha a morte quando Deus quiser. Dantes, ou muito ou pouco, Sempre esperara: Às vezes, tanto, que o meu sonho louco Voava das estrelas à mais rara;...

Snow Balad - Balada da Neve

BALADA DA NEVE © Illustrator: Celia Ascenso | Agency: Dreamstime.com Batem leve, levemente, como quem chama por mim. Será chuva? Será gente? Gente não é, certamente e a chuva não bate assim. É talvez a ventania: mas há pouco, há poucochinho, nem uma agulha bulia na quieta melancolia dos pinheiros do caminho... Quem bate, assim, levemente, com tão estranha leveza, que mal se ouve, mal se sente? Não é chuva, nem é gente, nem é vento com certeza. Fui ver. A neve caía do azul cinzento do céu, branca e leve, branca e fria... – Há quanto tempo a não via! E que saudades, Deus meu! Olho-a através da vidraça. Pôs tudo da cor do linho. Passa gente e, quando passa, os passos imprime e traça na brancura do caminho... Fico olhando esses sinais da pobre gente que avança, e noto, por entre os mais, os traços miniaturais duns pezitos de criança... E descalcinhos, doridos... a neve deixa inda vê-los, primeiro, bem definidos, depois, em sulcos compridos, porque não podia erguê-los!... Que quem já...

Boundless sea - Mar sem limites

A boundless sea with countless tides infinite waves repeating and repeating round and round left and right up and down never knowing where they lead us is there a destiny or are we moving endlessly? Célia Ascenso © Photographer: Celia Ascenso | Agency: Dreamstime.com Um mar sem limites de marés sem fim ondas infinitas repetindo e repetindo à roda, à roda para a esquerda e para a direita sem saber onde nos leva há um destino ou apenas estamos a mover-nos sem fim? Célia Ascenso

Stones - Pedras

Stones. Aligned stones. Aligned. Aligned ideas. Ideas. With ideas in it. Ideas in stones. Holes in stones. Aligned holes. Agregated holes. Chaos in order. Order in chaos. © Seamless Illustration: Celia Ascenso | Agency: Dreamstime.com Pedras. Pedras alinhadas. Alinhadas. Ideias alinhadas. Ideias. Com ideias lá dentro. Ideias em pedras. Buracos nas pedras. Buracos alinhados. Buracos agregados. Caos na ordem. Ordem no caos.

A engrenagem

A grande e velha engrenagem da vida continua a rodar. Não importa se os dentes da roda estão gastos e cansados. Roda e roda e continuará a rodar. Célia Ascenso 2013                                   The big and old gear of life keeps spinning. I does not matter if the sprocket teeth are worn and tired. It spins and spins and will keep spinning. Célia Ascenso 2013                                    

Cold Tomb

Dentro deste seguro frio túmulo em que me fechei, tudo o que consigo pressentir são reflexos das vidas que poderia estar a viver. Inside this safe cold tomb I have enclosed myself, all I can sense are reflexions of the lives I could be living. ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ Dans cet sécur tombe froid oú je m'ai fermé, tout ce que je peux envisager sont des reflets de vies que je pourrais vivre.

Le Chien - Leo Ferre

© Illustration: Celia Ascenso | Agency: Dreamstime.com Le Chien À mes oiseaux piaillant debout Chinés sous les becs de la nuit Avec leur crêpe de coutil Et leur fourreau fleuri de trous À mes compaings du pain rassis À mes frangins de l´entre bise À ceux qui gerçaient leur chemise Au givre des pernods-minuit A l´Araignée la toile au vent A Biftec baron du homard Et sa technique du caviar Qui ressemblait à du hareng A Bec d´Azur du pif comptant Qui créchait côté de Sancerre Sur les MIDNIGHT à moitié verre Chez un bistre de ses clients Aux spécialistes d´la scoumoune Qui se sapaient de courants d´air Et qui prenaient pour un steamer La compagnie Blondit and Clowns Aux pannes qui la langue au pas En plein hiver mangeaient des nèfles A ceux pour qui deux sous de trèfle Ça valait une Craven A A ceux-là je laisse la fleur De mon désespoir en allé Maintenant que je suis paré Et que je vais chez le coiffeur Pauvre mec mon p...

A procura da luz

À procura da luz Tenho lágrimas vermelhas nos dedos, na face, nos joelhos, mas vou continuar a afastar os arbustos, tentando chegar à luz. Célia Ascenso 2013 Looking for the light I have red tears on my fingers, on my face, on my knees, but I keep pushing the bushes away, trying to reach the light. Célia Ascenso 2013

Mergulho em ti - Terra

© Illustration: Celia Maria Ribeiro Ascenso | Agency: Dreamstime.com   Só Só Árida Nada floresce Neste deserto triste Em que ficou meu coração Depois da Água se esvair Quando me esqueceste ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ Lonely Lonely Nothing blossoms In this sad desert My heart has turned to After the water vanished When you forgot me

Mergulho em ti - Fogo

© Painter: Celia Maria Ribeiro Ascenso | Agency: Dreamstime.com   Mão na tua Mão Amor Dor Calor Suor Terra sobre o rosto O peito O ventre ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ Hand in your hand Love Pain Heat Sw eat Soil in the face The Ch est The Womb  

Mergulho em ti - Água

© Illustration: Celia Maria Ribeiro Ascenso | Agency: Dreamstime.com Mergulho em ti As almas fundidas Ora vaga Ora turbilhão Ora serenidade inesperada Adormecida Como fogo que sossega... ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ I dive in to you Merged souls A wav e A whirl Or unexpected serenity Asleep Like soothing fire ...

Na praia lá da Boa Nova, um dia

© Photographer: Celia Maria Ribeiro Ascenso | Agency: Dreamstime.com Na praia lá da Boa Nova, um dia Na praia lá da Boa Nova, um dia, Edifiquei (foi esse o grande mal) Alto Castelo, o que é a fantasia, Todo de lápis-lazúli e coral! Naquelas redondezas não havia Quem se gabasse dum domínio igual: Oh Castelo tão alto! parecia O território dum Senhor feudal! Um dia (não sei quando, nem sei donde) Um vento seco de mau sestro e spleen Deitou por terra, ao pó que tudo esconde, O meu condado, o meu condado, sim! Porque eu já fui um poderoso Conde, Naquela idade em que se é conde assim... Só, António Nobre, 1892 On the beach of Boa Nova, one day On the beach of Boa Nova, one day, I have built ( this was the great mistake ) High Castle , which is a fantasy, All of lapis lazuli and coral ! In those surrounding there was not   a persons that could brag of such a dominium : Oh such a high Castle ! It seemed the territory of a feudal lord ! ...

Quando Vier a Primavera - Alberto Caeiro

© Illustration: Celia Maria Ribeiro Ascenso | Agency: Dreamstime.com Quando vier a Primavera, Se eu já estiver morto, As flores florirão da mesma maneira E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada. A realidade não precisa de mim. Sinto uma alegria enorme Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma Se soubesse que amanhã morria E a Primavera era depois de amanhã, Morreria contente, porque ela era depois de amanhã. Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. Por isso, se morrer agora, morro contente, Porque tudo é real e tudo está certo. Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. O que for, quando for, é que será o que é. Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos" Heterónimo de Fernando Pessoa ...